Comunicação não verbal e a questão do Olhar

Olhe, você está sendo visto! Olhe para mim, que estou olhando para você. Retorno o teu olhar, a ti importo então; e você a mim significa.

Trocando olhares nos assumimos um ao outro e estabelecemos uma conversa-olho; se não sabem, o olho fala, e deveras, muitas vezes mais do que palavras, outras bastam por si só e descartam seu contínuo, o outrora necessário algo a mais, e congelam você num piscar de olhos. Quando vê, já ouviu; fecha os olhos, e não mais. Um silêncio escuro toma conta de você, cego de cera.

Volta a abrir, e ouve. É na empatia dos olhares que a conversa vem adentro, escuta ativa e escuto a a ti; reconheço no outro um outro eu, semelhantes somos aptos de nós.
E decibéis. Ou débeis; enfermas línguas, loucas bocas a falar em disparada, tímpanos exaustos, por favor, me deem um tempo: ‘basta olhar que eu já sei’. ‘Minha mãe olhava eu já sabia’, olho no olho, e uma imagem vale mais que mil palavras, é a janela da alma.

E num recém descoberto PLANETA, o humano de lá grunge, bicho que é. O humano de cá fala, incompreendido; os sons não se conversam e os gestos assumem a forma das possibilidades de diálogo, infrutíferos. “Nenhum lampejo de compreensão iluminou a sua Íris”, pondera Ulysse Merou, o principal personagem de O PLANETA DOS MACACOS, sobre as diversas tentativas de troca com a bela selvagem do distante habitat.

“Por fim olhei para seu olhos…” Mas não adianta: “… seu olhar não simpatizava com o meu.” Era a REALidade de uma Ficção distópica hoje bem concreta: a dificuldade de entender e ser entendido, expressão; e nas páginas desse fabuloso romance atemporal aprendemos que a comunicação, seja ela oral, gestual, visual, pode ser questão de vida ou morte.
Não é mera macaquice.

Sobre o Deus Odin – Sabedoria e Prioridade

Sabedoria, uma questão de Necessidade ou Prioridade?
Aos olhos do Deus Nórdico Odin fundamentalmente uma questão sem discussão. Para obter a plena e total sabedoria, deve dispor de um olho, requisição feita pelo guardião do lago onde há a água da sabedoria – basta um gole e Odin terá toda a sapiência do universo. Ele nem pondera então, decide. Saca um facão, arranca o olho esquerdo e entrega-o em favor de gotas universalmente sábias. 
E você, trocaria seu olho em prol do mesmo? Um pé talvez, ou a mão esquerda? Um rim, o fígado? O que amputaria nessa excêntrica troca?
A lenda nos instiga, pois sugere o câmbio de uma parte física, corporal, por algo abstrato, um conceito. Porém ambos nos importam, na verdade são vitais, e é aí que o dilema reside: como abdicar de um em detrimento do outro? Bom mesmo seria ficarmos com os dois, não!? Mas a vida-como-ela-não-é, perfeita, não deixa, e diz: “a existência é feita de escolhas”, pura negociata. Para alguns, entre o ver e o saber, a questão é de prioridade. Para outros, nem como questão se apresenta; rezam que a sabedoria vem com o tempo, que a própria vida ensina, conhecimento se adquire. Mesmo assim, o mito nos contesta: “Odin passou a ver MAIS LONGE E COM MAIS CLAREZA”, ainda que SOMENTE COM UM OLHO, o que sugere uma louvável troca; afinal de contas, temos dois olhos… 
Não seria portanto óbvio esse escambo? 
A Ficção da Mitologia Nórdica não se mostra assim tão disfarçada; e provoca uma REAL reflexão sobre a forma como desejamos viver: enxergando pouco ou deveras, alternativas que requererão, assim como outrora, e hoje mais ainda, ponderações sensatas .
Boa sorte, escolha bem, e venha ler comigo.