O Controle da Língua; questão de Sobrevivência

Voraz que a vida é, voraz com ela seremos. E com Katniss (a estonteante protagonista de JOGOS VORAZES, de Suzanne Collins) aprendemos que, para sê-lo, devemos moderar nossa abertura, limitar nossa exposição, suprimir a voz, perigosa que pode ser a nós mesmos. Ao nos fecharmos-em-partes, fraquesas não sangram abertas e mais fortes nos mostramos; ou menos frágeis, pois todos um pouco somos. Ainda assim, a cautela deve prevalecer, especialmente em ambientes competitivos, onde o ‘livro aberto que se é / o livro aberto que se mostra’ pode custar muito caro; preço muitas vezes impagável, a vida. Sendo assim temos que protegê-la, limitando acessos e dispondo somente miudezas, grão a grão, dedo por dedo, língua dentro da boca, fechada não entra mosquito, já dizia o velho, sábio ditado. Corta-se então a própria língua, põe uma máscara, engole o choro e vai à Guerra, Katniss. Pega o Arco e a Flecha e ganhe os Jogos, vorazes que para os fracos são. A ficção na Arena mostra que a Realidade é cruel, mas que quem sabe jogar o ‘jogo da camuflagem’ tem mais chances de vencer.