Os Peixes e a Gestão do Tempo

Não seriam então os Peixes o maior e melhor exemplo de uma boa Gestão do Tempo?

Eles nadam, flutuam, navegam submersos e respiram a seu tempo. Comem, vão adiante, ágeis. Desejam, procriam a seu tempo, sem perder. E quando a hora é grave, se escondem, ou se juntam, a seu tempo. Tudo no momento.
Com a corrente fluem, sem pressa deixam-se levar, poupam energia se precisam, sábios pra que luxo?
Mas quando é vida ou morte, ou a questão perpetuar, partem rio acima, sobem correntezas, enfrentam cachoeiras e pronto: cem novos peixinhos, já sábios mamãe nos ensinou a natureza é sábia, não adianta acelerar, no fundo já sabemos!
Tempo tende ir, tem que vir; parar ou navegar, emergir, respirar, bolhas temporais. Nós, no mundo dentro delas, ‘embolhados’, da bolha do tempo não ousamos escapar; bastaria um alfinete, de dentro para fora, estoura! Mas não, alfinetamos para dentro, sopro-de-seringa ampola-temporal, criação de tempo, mas tempo não se cria (!!!) seringa auto-engano.
A bolha é uma só, o peixe sabe disso, e fluxo; escorre pelas mãos, as nossas, pelas do anfíbio não, que sabe estar envolto pelo timing das marés e respeita o fluido. Nada com a água e nela nada. 
E assim é também na terra do Sudeste Asiático, Camboja (centro da narrativa de Miss Camboja, divertido conto de Geoff Dyer), onde o principal e mais tradicional meio de transporte de lá, o Cyclos, não necessariamente leva os turistas a algum lugar, mas definitivamente percorre… eflui no solo, como “os peixes em sua imperturbável falta de urgência”. Ou calma, como queiram; uma REALidade subaquática… silenciosa… que nos apresenta uma quase-Ficção mais morosa, suposta bem mais lenta, onde a pressa por decerto não existe.

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